Zona
de Conforto
Texto: “E sucedeu que, indo eles andando e
falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro;
e Elias subiu ao céu num redemoinho.
O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de
Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes,
rasgou-as em duas partes.” 2 Rs 2.11,12
A Paz do Senhor,
Ao ler o texto acima as
pessoas têm a tendência de comentar sobre os carros de fogo ou sobre o redemoinho
como pontos principais e os personagens como secundários, mas a ideia é justamente
o contrário... a história dos personagens são o ponto principal desta epícope.
Lendo os versículos anteriores
encontraremos Elias, Eliseu e 50 profetas; ambos sabiam do arrebatamento de
Elias e queriam acompanhá-lo. Todos tinham um certo grau de intimidade com Deus
( em nossos dias diria que todos liam a bíblia e iam à igreja), mas havia algo
superficial nos 50 profetas que não permitia que eles vissem milagres da parte
de Deus: todos permaneciam em sua Zona de Conforto.
No versículo 7 do livro de 2
Reis vemos que os 50 profetas pararam em frente ao Rio Jordão, local com
árvores, alimentos, conforto... mas apenas Eliseu percebeu que àquele não era o
lugar onde Deus iria operar, por isso seguiu com Elias rumo ao deserto.
A Zona de Conforto é
agradável, temos tempo de ler e orar, mas também temos distrações (cônjuge,
filhos, netos, afazeres domésticos, trabalho, etc.), mas ir ao deserto exige força
e coragem para enfrentar o calor, a sede, falta de mantimentos, medo de
salteadores (ladrões), enfermidades (hoje inclui a COVID 19).
Em conversa com o pastor de
determinada igreja ele me relatou que um grupo de pastores e irmãos idealizaram
que uma igreja moderna (Novo Normal) não precisa de Escola Dominical presencial,
apenas on-line. A Zona de Conforto falou mais alto mas não prevaleceu pois a
maioria percebeu que esses irmãos não tinham interesse em sair de casa em um
dia de domingo para aprender a palavra, preferiam assistir a uma gravação quando
e como quisessem (deitados no sofá se não houver distrações), mas as dúvidas não
seriam tiradas, nem o assunto seria explorado de acordo com as necessidades do
grupo, pois não haveria grupo.
Da mesma forma conversei
também com outro pastor que me relatou que um belo dia, quando ainda não era
evangélico e estava trabalhando em um quartel do Exército, ouviu uma canção
evangelística ecoar do refeitório daquela Unidade Militar, era um soldado
solitário fazendo um culto sozinho (ele cantava, lia a palavra e depois orava).
No dia seguinte, lá estava aquele militar sedento de ouvir aquela canção
novamente e procurou o refeitório onde ouviu falar de Jesus. Um soldado saiu da
Zona de Conforto e decidiu, sozinho, fazer a vontade de Deus o que resultou na
salvação daquela vida que, anos depois, se tornou pastor e capelão do Exército
Brasileiro.
Vivemos dias em que as pessoas
procuram a igreja apenas em busca de bênçãos (Jo 6.26), quando precisam encarar
seus medos e sair da Zona de Conforto (talvez evangelizar mesmo com poucas
pessoas ou ir à igreja em tempo de pandemia) muitas pessoas recuam e preferem
ficar em local seguro e confortável. Essa é a diferença entre os que presenciam
milagres e os que só tomam conhecimento da existência deles.
Sair da Zona de Conforto faz
toda a diferença na hora de ver seu grupo crescer, ou ver almas se convertendo
ao Senhor, ou seus alunos tendo interesse pela palavra. A maioria das pessoas
(como os 50 profetas) preferem ouvir os testemunhos, mas algumas sofrem pelo
evangelho e acabam vendo a manifestação divina, presenciando milagres. Saem da
Zona de Conforto e pedem a Deus estratégias para enfrentar cada situação e
permanecem firmes mesmo em meio à tribulação, entendem que as palavras de Jesus
em João 16 e 33 se aplicam aos cristãos de hoje, ter bom ânimo (alegria, força,
interesse) em meio às aflições não é fácil, mas necessário para fazermos a
vontade de Deus.
Shalom!
Sérgio André de Almeida, pós-graduado
em Ciências da Religião.
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