sábado, 26 de setembro de 2020

Zona de Conforto

 

Zona de Conforto

Texto:  E sucedeu que, indo eles andando e falando, eis que um carro de fogo, com cavalos de fogo, os separou um do outro; e Elias subiu ao céu num redemoinho.
O que vendo Eliseu, clamou: Meu pai, meu pai, carros de Israel, e seus cavaleiros! E nunca mais o viu; e, pegando as suas vestes, rasgou-as em duas partes.” 2 Rs 2.11,12

A Paz do Senhor,

Ao ler o texto acima as pessoas têm a tendência de comentar sobre os carros de fogo ou sobre o redemoinho como pontos principais e os personagens como secundários, mas a ideia é justamente o contrário... a história dos personagens são o ponto principal desta epícope.

Lendo os versículos anteriores encontraremos Elias, Eliseu e 50 profetas; ambos sabiam do arrebatamento de Elias e queriam acompanhá-lo. Todos tinham um certo grau de intimidade com Deus ( em nossos dias diria que todos liam a bíblia e iam à igreja), mas havia algo superficial nos 50 profetas que não permitia que eles vissem milagres da parte de Deus: todos permaneciam em sua Zona de Conforto.

No versículo 7 do livro de 2 Reis vemos que os 50 profetas pararam em frente ao Rio Jordão, local com árvores, alimentos, conforto... mas apenas Eliseu percebeu que àquele não era o lugar onde Deus iria operar, por isso seguiu com Elias rumo ao deserto.

A Zona de Conforto é agradável, temos tempo de ler e orar, mas também temos distrações (cônjuge, filhos, netos, afazeres domésticos, trabalho, etc.), mas ir ao deserto exige força e coragem para enfrentar o calor, a sede, falta de mantimentos, medo de salteadores (ladrões), enfermidades (hoje inclui a COVID 19).

Em conversa com o pastor de determinada igreja ele me relatou que um grupo de pastores e irmãos idealizaram que uma igreja moderna (Novo Normal) não precisa de Escola Dominical presencial, apenas on-line. A Zona de Conforto falou mais alto mas não prevaleceu pois a maioria percebeu que esses irmãos não tinham interesse em sair de casa em um dia de domingo para aprender a palavra, preferiam assistir a uma gravação quando e como quisessem (deitados no sofá se não houver distrações), mas as dúvidas não seriam tiradas, nem o assunto seria explorado de acordo com as necessidades do grupo, pois não haveria grupo.

Da mesma forma conversei também com outro pastor que me relatou que um belo dia, quando ainda não era evangélico e estava trabalhando em um quartel do Exército, ouviu uma canção evangelística ecoar do refeitório daquela Unidade Militar, era um soldado solitário fazendo um culto sozinho (ele cantava, lia a palavra e depois orava). No dia seguinte, lá estava aquele militar sedento de ouvir aquela canção novamente e procurou o refeitório onde ouviu falar de Jesus. Um soldado saiu da Zona de Conforto e decidiu, sozinho, fazer a vontade de Deus o que resultou na salvação daquela vida que, anos depois, se tornou pastor e capelão do Exército Brasileiro.

Vivemos dias em que as pessoas procuram a igreja apenas em busca de bênçãos (Jo 6.26), quando precisam encarar seus medos e sair da Zona de Conforto (talvez evangelizar mesmo com poucas pessoas ou ir à igreja em tempo de pandemia) muitas pessoas recuam e preferem ficar em local seguro e confortável. Essa é a diferença entre os que presenciam milagres e os que só tomam conhecimento da existência deles.

Sair da Zona de Conforto faz toda a diferença na hora de ver seu grupo crescer, ou ver almas se convertendo ao Senhor, ou seus alunos tendo interesse pela palavra. A maioria das pessoas (como os 50 profetas) preferem ouvir os testemunhos, mas algumas sofrem pelo evangelho e acabam vendo a manifestação divina, presenciando milagres. Saem da Zona de Conforto e pedem a Deus estratégias para enfrentar cada situação e permanecem firmes mesmo em meio à tribulação, entendem que as palavras de Jesus em João 16 e 33 se aplicam aos cristãos de hoje, ter bom ânimo (alegria, força, interesse) em meio às aflições não é fácil, mas necessário para fazermos a vontade de Deus.

Shalom!

Sérgio André de Almeida, pós-graduado em Ciências da Religião.

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

Heróis da Fé

 HERÓIS DA FÉ

(Vigiai, estai firmes na fé; portai-vos varonilmente, e fortalecei-vos. 1 Co 16.13)


A paz do Senhor,

Hoje fui levado a pensar sobre os heróis da fé e o testemunho que nos deram, como demonstraram coragem e fé ao assumir determinadas situações que colocaram em risco suas vidas, alguns até vieram a perecer (como os fiéis da igreja primitiva narrados em Atos dos Apóstolos). Quão fria seria a Bíblia sem esses heróis?

Pensei bastante sobre Abrão ( filho de Terá, em Ur dos Caldeus) sendo comissionado por Deus para deixar a casa dele e a casa do pai dele para seguir rumo ao deserto para uma terra prometida e então respondendo; “Eu, Senhor? O deserto é perigoso e tem muitos salteadores, o Rei já avisou pra não irmos pra lá sem escolta... aqui estou seguro na casa de meu pai!” (Gn 12)

Imaginei Moisés respondendo a Deus: “Senhor, Faraó é muito bravo e se autodenomina deus; se eu for lá ele vai mandar me matar e vai fazer minha família de escrava!”(Ex 3) Também imaginei Gideão escondido e dizendo: “Isso é problema dos líderes, eu sou o menor na casa de meu pai, pra que vou me arriscar contra um milhão de midianitas?” (Jz 6)

Também imaginei a Daniel pensando: “Vou ficar aqui quietinho no sofá, pois é um edito do Rei. Deus entende. Pra que arriscar a minha vida?” (Dn 6) Pensei também nos tres jovens amigos de Daniel conversando: “Vamos ficar quietinhos aqui, não tem nada de mais em ficar um pouco de joelho, Deus sabe que a gente ama a Ele, não precisamos nos arriscar não!” (Dn 3)

Poderia citar ainda Elias, Eliseu, o próprio Rei Davi [já imaginou ele dizendo: “se os valentes de Israel não querem enfrentar esse gigante é melhor eu ficar calado, pois nem treinamento de guerra eu tenho!” (1 Sm 17)], talvez citar o criador de bois, Amós, dizendo que não precisava arriscar a vida dele pra falar ao povo rebelde de Israel, pois o Rei era severo e o povo obstinado; quem sabe dizendo: “Isso é problema dos príncipes!”(Am 1)

Não importa quantos eu cite, todos em momento de crise traçaram estratégias para servir a Deus mesmo com o risco da própria vida! Sabiam que Deus não queria que eles ficassem parados nem tão pouco saíssem correndo, pois Deus afirmara categoricamente: “Vai nessa tua força!” (Jz 6.14), ou seja, do jeito que ele era e com o que sabia e conhecia...

O Deus que conhece a nossa estrutura e sabe que somos fracos nos deixou escrito todos esses exemplos para que, quando chegasse a nossa hora (como em época de pandemia), não ficássemos sentados no sofá alegando que é ordem do governador, ou que Deus sabe da minha dificuldade... mas que pedíssemos a Ele força e estratégia para cumprirmos nossa missão (seja ensinar, evangelizar, doutrinar, guiar, interceder, auxiliar, como Paulo cita em 1 Co 12. 28), com máscara, álcool em gel, mantendo a distância necessária e seguindo firmes, constantes e sempre abundantes ( 1 Co 15.57,58)

Só depois de tudo isso, com muito esforço, passei a entender o motivo dEle registrar que ‘não nos deu espírito de temor, mas de fortaleza, e de amor, e de moderação’ (2 Tm 1. 7) para que exercitássemos a nossa fé em meio a uma crise nacional, estadual ou pessoal (seja na saúde, no emprego, nas finanças, na vida ou na morte).

Só temos heróis da fé porque eles ousaram enquanto muitos se esconderam, enquanto muitos disseram que não podiam, enquanto muitos ficaram esperando que outro tomasse a iniciativa... a igreja do Senhor cresceu diante da mais ferrenha perseguição religiosa perpetrada por Herodes e outros monarcas... não cederam, não se esconderam, mas pediram estratégia a Deus e colocaram suas vidas em risco por amor à obra divina. Embora pequenos, precisamos buscar forças para continuarmos avançando em busca das almas que Deus nos confiou...

Shalom Adonai!

Sérgio André de Almeida, pós graduado em Ciências da Religião.