sexta-feira, 10 de julho de 2020

PEDRO: MENSAGEIRO E MENSAGEM


PEDRO: MENSAGEIRO E MENSAGEM
Perspectivas sobre sua narrativa
1 This letter is from Peter, an apostle of Jesus Christ. I am writing to God’s chosen (...). 1 Peter 1:1 (NLT )

Sobre as cartas de Pedro é dito que "(...) estão escritas num grego de complexidade e sofisticação surpreendente: aliás, da 1ª Carta de Pedro pode se dizer que é o texto mais rebuscado (e, em muitas passagens, mais difícil de traduzir) de todo o Novo Testamento. Estilo, vocabulário raro e barroquismo sintático revelam um autor que teve o privilégio de receber uma boa escolaridade helênica, um treino competente no âmbito da retórica helenística"( Frederico Lourenço in Bíblia - Novo Testamento).

A erudição com que foi escrita as cartas de Pedro no original grego, nos põe diante do seguinte
dilema: Como um homem com pouca ou nenhuma instrução como Pedro, o que sabidamente nos é confirmado pela própria escritura (At 4:13), teria escrito esta carta em grego com tamanha erudição?
Temos duas possíveis respostas e duas lições:
1. Dedicação : consciente da sua condição em relação às letras, deve ter se dedicado muito para
aprender, compreender e dominar o seu idioma e também o grego. Lembrando que, primeiro,
ninguém tem certa erudição num segundo idioma se também não o tiver no seu idioma materno e, segundo, ter erudição num outro idioma exige muito mais tempo, uma vez que o aprendizado de um segundo idioma sempre se dá através de palavras mais simples, uma vez que a intenção é que se possa fazer entender ao mínimo com outra pessoa e assim estabelecer um contato razoável.
2. Humildade e objetividade : consciente da sua condição em relação às letras, deve ter buscado o auxílio de um terceiro que pudesse não só transcrever o que ele dizia (o que era comum naquela época), mas também fazer às devidas correções gramaticais, não só em relação ao uso e grafia das palavras mas também em relação ao arranjo delas, dando ao texto introdução, desenvolvimento e conclusão, por exemplo, mas sem alterar o conteúdo apostólico da mesma. Isto exige humildade, um atitude de desprendimento do que vão pensar sobre si e, ao mesmo tempo, o estar mais preocupado com a longevidade e compreensão do seu texto e do que se pretende dizer. Longevidade esta demonstrada pelo fato de que seu escrito chegou até nós, 2000 anos depois. E compreensibilidade demonstrada pela lógica e encadeamento do texto escrito, pois se estivesse mal escrita geraria um texto cheio de incongruências e com possíveis má interpretações que poderiam levar até heresias.

Das duas respostas, a segunda opção parece mais plausível. Das duas lições, ambas são preciosas. Em resumo, somos encorajados a priorizar os ouvintes e a compreensão dos mesmos sobre nossa mensagem, para que fique bem claro a eles o que pretendemos dizer, em contraposição ao que vão pensar sobre nós e sobre nossa capacidade de produção intelectual ou ausência da mesma.
O ensino bíblico é que devemos "julgar as profecias e não os profetas”, 1Cor 14.29. Cabe ao
mensageiro entender que, ao dizer isto, as escrituras qualificam a profecia como mais importante do que o profeta, e que o que está em risco é o que Deus quer dizer e não o que vão pensar do mensageiro.
Curioso é que a Bíblia nos ensina mesmo quando não usamos nenhuma passagem dela e apenas
estamos fazendo uma descrição e estudo sobre o autor do texto (produção textual, narrativa,
intenção, estilo, personalidade, etc).
Que sejamos como Pedro. Que sejamos como Cristo!
David Jesus de Almeida. Diácono.

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